Que regras pairam sobre as pessoas
Na atualidade coexistem linguagens e discursos que perpetuam as sujeições impostas aos indivíduos e estes sofrem com os aspectos do poder simbólico, que por muitas vezes atua de maneira invisível sobre as pessoas em suas mais diferenciadas esferas sociais. No âmago de uma sociedade são criadas constantemente regras que determinam cada comportamento de cada indivíduo que a compõe. Regras de conduta, moral, de etiqueta que disciplinam o comportamento das pessoas. Regras que, posteriormente, são transformadas em leis e que, quase consequentemente, geram punições para aqueles que as transgridem.
Em uma compreensão primária, o totalitarismo é uma oposição radical ao estado liberal. Uma vez que o estado liberal propõe a estrutura social baseada em leis, razão, liberdade e a difusão do poder, um estado totalitário prevalece o extremismo, a concentração do poder, o monopólio político. Ao analisar esta forma de poder é importante também trazer à tona este contraste, visto que o totalitarismo é uma generalização de aparências e conceitos relativos, com pouco ou nenhum concretismo, o que contribui para a alienação daqueles inseridos neste tipo de regime político. Foucault (2008) diz que “O poder é o que reprime a natureza, os indivíduos, os instintos, uma classe. Quando o discurso contemporâneo define repetidamente o poder como sendo repressivo”.
Esta afirmação exprime as consequências de um poder abusivo sobre aqueles que compõem a sociedade. Este abuso adentra na natureza humana, nos instintos, na essência, e reprime qualquer discurso divergente dos que detêm o poder. Isso torna-se um empecilho por limitar quase que absolutamente as expressões e impressões que tornam a sociedade uma sociedade, partindo do princípio que esta desenvolve-se a partir de uma convivência conjunta de indivíduos que buscam o bem estar do conjunto.
O trabalho do Vigiar está cheio
Em sua obra Vigiar e punir (2008), Foucault busca retratar além da ordem disciplinar, os aspectos que a tornam tão relevante, sendo que, para o teórico, o poder não está localizado ou centrado em uma instituição, mas, sim, consiste em uma prática social que afeta diretamente o indivíduo.As relações de poder têm alcance imediato sobre ele; elas o investem, o marcam, o dirigem, o supliciam, sujeitam-no a trabalhos, obrigam-no a cerimônias, exigem-lhe sinais. (…) investimento político do corpo está ligado (…) à sua utilização econômica como força de produção que o corpo é investido por relações de poder e de dominação.
Destarte, à medida que a sociedade vai se modificando com o avanço de renovadas perspectivas de avanço tecnológico e humano, essas relações de poder vão também se modificando, em dado momento se adequam ao poder dominante e ao período na história que estão inseridas. Este conceito de poder, apesar de parecer invisível, evolui e apresenta-se de forma presente nos aspectos sociais internos.
Nas obras, este poder condensado dá-se a partir das representações metafóricas do “Grande Irmão” e de “Coração de Aço”. A retratação de uma sociedade coletiva dominada por um poder que propala um discurso de controle de toda a nação por meio de promessas coletivas totalitárias.